por André Brasil
Na apresentação, pretendemos circunscrever a ampla reivindicação cosmopolítica a um exercício bem concreto: trata-se de retomar, não exaustivamente, momentos em que o cinema, especialmente o documentário, incorpora em sua fatura ou em sua mise-en-scène uma experiência de espectatorialidade (membros de uma comunidade veem juntos as imagens; um filme, uma sequência, um registro). Se esse procedimento – o feedback, a visionagem compartilhada, a devolução das imagens – nos interessa, é porque ele revela, muito materialmente, uma espécie de “grau zero” da cosmopolítica: algo aparece ou reaparece a uma comunidade, que comparece (Jean-Luc Nancy). Diante das imagens, a comunidade deve responder à exigência de elaborar (a si própria e aos modos do comparecimento). Filme a filme, o cinema será o lugar dessa elaboração.